domingo, 23 de agosto de 2009


O SEGUNDO FEITICO DO HIPOTALAMO

Os aromas mágicos de patchouli eram
tapetes voadores ao mundo de Sidarta.
Aquele universo de imagens couberam
no mesmo espaço de uma mesa farta.

A pimenta de cheiro com o seu colorido
alegra ardendo nossas pupilas cansadas.
Ah, minha Bahia, o meu peito dolorido
quer sentir esse seu cheiro nas calcadas.

Uma fumaça leve ou dos milhos assando
carregam entre os seus muitos vapores,
cenas que como num filme vão passando
os momentos felizes e os outros de dores.

Tudo passara no fim desse nosso tempo,
exceto essas nossas impressões do olfato.
Os cheiros passam e carregados pelo vento
são como eternos narradores de um fato.

S.Brandao. 20 08 09.

“...smell and taste are the only senses that connect directly to the hippocampus, the center of the brain’s long term memory.”
(“...Olfato e paladar sao os unicos sentidos que se conectam diretamente com o hipotalamo, o centro da memória permanente do cérebro.) Rachel Herz

O PRIMEIRO FEITICO DO HIPOTALAMO.

O sabor do algodão e’ o da sublime doçura:
tão doce quanto a sua passagem pela rua.
O espelho mágico e’ um ensaio da loucura,
na roda gigante, eu pude imaginar-te nua.

Os nossos churrascos em domingos de sol
se ancoraram nas memórias da cerveja.
Tem no gosto de um peixe tirado do anzol
uma linha estirada em um mar de beleza.

As frutas contem uma textura de infinito:
-o das terras do sem fim depois da chuva.
Lembram uma paixão , tudo o que e bonito
como um broto de cacau, uma flor e a uva.

Tudo poderá se sucumbir no fim dos dias
exceto os nossos segundos degustados.
O paladar reconhece o sabor das poesias,
pois os gostos trazem tesouros enterrados. S. Brandao, 20 08 09

DECALOGO DAS NUVENS CARREGADAS
As nuvens prenhas ameaçavam soltar
dos seus ventres as suas filhas aquosas,
ansiosas por descer para nos encontrar
revestidos da alegria molhada das rosas.

Como tudo no universo obedece uma lei
nem sempre um coração pode ser o rei.
E mesmo fazendo o uso da livre vontade,
estamos mesmo a mercê dessa verdade.

Plúmbeas nuvens refletem ao desaguar,
aquilo que todo sábio chinês bem sabia:
não devíamos o que e natural expulsar,
pois a natureza como um galope voltaria.

Prazeroso e’ o interagir com essa criação!
Saber que tudo disposto ao nosso redor,
desde teias, das flores a’ um escorpião ,
obedece a mesma inteligência maior.

O amigo companheiro de todas as horas,
-esse velho espírito (do vinho análogo),
declara : “oh, irma chuva não te demoras,
persista em nos revelar o seu decalogo”. S.Brandao

REVELACAO DO DECALOGO DAS NUVENS.

No primeiro mandamento tudo se repete
como acontece na tabua sacra de Moises;
contemplar a chuva com amor nos remete
a mesma porcentagem aquosa que tu es.

Análoga sequencia , entao subentendida
se não pelo córtex ou pela seiva da vida
(a inspiradora da sabedoria dos profetas)
essa mesma, tão buscadas pelos poetas.

Provavelmente, não fará nenhum sentido
entender poemas bem como as profecias.
Se so em contas te encontrares envolvido
dessa expansão das almas so te distancias.

Existe setenta por cento de água na terra,
mesma quantidade que existe nos seres.
Na vazante , maré baixa que a lua encerra,
semelhante decálogo se revela as vezes.

Sergio Brandao. Brighton (Ma) 17/08/09

quinta-feira, 6 de agosto de 2009


O NASCIMENTO DA VENUS DE ATENA.
(Para Suzana, minha Irma, meu mito)
“Pour être irremplaçable, il faut être différente”(CoCo Chanel)
“Para ser insubstituível e preciso ser diferente” (Coco Chanel)

Um dia, esse mesmo capricho das palmas,
da cor da canela e dos jambos morenos,
da luminosidade morna de águas calmas,
dos pavões e plantio dos trigos sarracenos...

Um dia, para a felicidade de muitos olhos
da liberdade como imagem de inspiração,
com a alegria presente nos seres ditosos
se fez única mulher em sua composição.

Dos corpos celestes escolheu os cometas
e fez deles um modelo de sua passagem.
Dos marinhos as espumas com gametas
misturou Venus com Atena e coragem .

Es uma alma gemea do pássaro exótico,
fruto do amor dos dois seres escolhidos .
Adornarias as salas de um palácio gótico:
sua elegância extrapolou os seus vestidos.
Sergio Brandao, Brighton (Ma)05 de agosto de 2009.

sábado, 1 de agosto de 2009

TUDO E UMA PORCAO QUE NAO EXISTE!


TUDO E UMA PORCAO QUE NAO EXISTE.

Tudo começa dentro das nossas redes
de neurônios e neurotransmissores
continuando nos átomos, nas paredes,
através das ondas e invisiveis torres.

Tudo se explica através do intangível,
do que extrapola nossa fome e sede
e perpetua-se no alem desse “possivel”
pensamento vivo que alguém já teve.

Tudo...tudo um dia será bem captado
pelos sensores que nos já esquecemos,
os temos, mas os deixamos no passado
e hoje em dia não mais os percebemos.

Tudo...nao sei ainda se o tudo existe
Ou o existir não e um eterno processo.
Tudo... se e que em nos ainda persiste
essa mera tendencia ao retrocesso.

Sergio Brandao...Brighton (Ma)
01 de agosto de 2009.