quinta-feira, 11 de junho de 2009

SONHO PRODUZIDO PELA LIPOTIMIA


“...Quero , neste momento, fumando no apeadeiro de hoje,estar ainda um bocado agarrado a velha vida. Vida inutil, que era melhor deixar, que e uma cela? Que importa? Todo universo e uma cela, e o estar preso nao tem que ver com o tamanho da cela...” Alvaro de campos.

SONHO PRODUZIDO PELA LIPOTIMIA

Ontem, muito breve foi sua visita a mim,
durou todos os segundos da eternidade.
A nossa prosa curta foi a palavra sem fim
Que cabe perfeita na esfera da verdade.

Lembro-me bem dos seus óculos de ouro,
atraentes como o astro-rei aos gira-sois.
As suas falas amaciadas foram um sorvo
Uma lótus a flutuar por cima dos lençóis.

O dinamismo letargico desta lipotimia
refez a minha visão que era tão parva.
Sua alma era a própria noite que abria
cortinas azuladas para o dia que raiava.

Não sei se foi um sonho ou a aparição
de uma mesma materna universalidade,
as lentes douradas de um anjo escrivão
em sua face, mãe de toda a bondade! Sergio Brandao, Brighton 11 de junho 2009

sexta-feira, 5 de junho de 2009

ESTRANHOS VISITANTES DE NOS MESMOS


ESTRANHOS VISITANTES DE NOS MESMOS.

Quando em noites visitamos nossa alma,
muitas vezes tão distante de nos mesmos,
não seriam estes momentos de rara calma
horas que desvendamos nossos segredos?

Se são eles partes de nos, como não saber-los?
Seriamos então nossos estranhos habitantes
sábios engenheiros , pais de todos os instantes
os meros arquitetos destes castelos alheios?

Coloca-se agora essas cartas na mesma mesa
la onde diariamente almoçamos e jantamos
como se nos “ jogadores” , os ases da destreza,
so fossemos vitimas dos truques que armamos.

Somos os estranhos visitantes de nos mesmos.
Se boas são as almas, não havera lugares ermos.

Sergio Brandao, Brighton (Ma) 04 de junho de 2009.








segunda-feira, 1 de junho de 2009


UMA IMAGEM NA RELVA.

Uma imagem de Santo Antonio
feita de barro e pintura clara,
agora se junta a relva...
Esquecido na orvalhada ramagem.
Imagem de santo, rota e relvada,
dormindo ao som de rãs outonais,
esquecida dos seus tantos fieis.
Mistura-se ante ao pasmo violeta,
dos miosótis e dos colibris.
Com caricias de mãos aquosas
a chuva lavou o manto sagrado
do santo menino em seus braços.
Tao visitado nas capelas fora
agora congrega com as borboletas.
Passantes olham e não percebem
Quantos pedidos o beato carrega,
vigiado apenas por belos insetos,
batendo asas com beleza de Venus
vão ligeiras pegar o néctar,
o mel das flores transformado
pelos prazeres de mil zangoes
tomados pela abelha rainha.
SERGIO BRANDAO