sábado, 12 de setembro de 2009

OS NEURONIOS E OS GALHOS


" Ever man's memory is his private literature." - Aldous Huxley

(A memoria de cada homem e' a sua literatura particular.


OS NEURONIOS E OS GALHOS



Como duas arvores bem frondosas

cujos galhos se encontram no ar,

nossas lembrancas surgem morosas

nun denso jardin de espinhos e rosas

(da vida e o que nos resta para amar).


As horas caem lentamente como o sol

que incide os seus raios passageiros.

nao ha tempo para se ver um arrebol!

-Passam rapidos como fogo no paiol.

O mundo exige que sejamos ligeiros.


ha um tempo para tudo acontecer...

E quando acontece nao se pode reter

a felicidade que foge como borboleta;

a mente decide o que vamos escolher

lembrar, depois de vazia a ampulheta,

as cenas futuras que queremos rever.


sábado, 5 de setembro de 2009

UMA LEVEZA AINDA OBSCURA


Nao sou nada
Nunca serei nada
Nao posso querer ser nada
A parte isso, tenho todos os sonhos do mundo! -Fernando Pessoa
UMA LEVEZA AINDA OBSCURA
Os flashes passam em ritmo frenetico
entre dias corridos e nossos anseios,
os perdidos neste misterio hermetico
sao os que se perguntam sem receios.
Como vacas que comem felizes racoes
sem esperar o dia que serao trucidadas
deviamos conformar nossos coracoes
apreciando as maravilhas simplificadas.
Escutar o que? Ouvir a quem? Porque?
estamos num mar de questionamentos.
Ser o qual? Para quem? Falar de que?
Bracos de Rio sao como pensamentos.
A vida pulsa nos corpos e almas agora,
mais tarde, em nenhum corpo existira:
Numa cela vai esperando por uma hora
em que como um passaro se libertara.
Sergio Brandao, 04 09 2009.

domingo, 23 de agosto de 2009


O SEGUNDO FEITICO DO HIPOTALAMO

Os aromas mágicos de patchouli eram
tapetes voadores ao mundo de Sidarta.
Aquele universo de imagens couberam
no mesmo espaço de uma mesa farta.

A pimenta de cheiro com o seu colorido
alegra ardendo nossas pupilas cansadas.
Ah, minha Bahia, o meu peito dolorido
quer sentir esse seu cheiro nas calcadas.

Uma fumaça leve ou dos milhos assando
carregam entre os seus muitos vapores,
cenas que como num filme vão passando
os momentos felizes e os outros de dores.

Tudo passara no fim desse nosso tempo,
exceto essas nossas impressões do olfato.
Os cheiros passam e carregados pelo vento
são como eternos narradores de um fato.

S.Brandao. 20 08 09.

“...smell and taste are the only senses that connect directly to the hippocampus, the center of the brain’s long term memory.”
(“...Olfato e paladar sao os unicos sentidos que se conectam diretamente com o hipotalamo, o centro da memória permanente do cérebro.) Rachel Herz

O PRIMEIRO FEITICO DO HIPOTALAMO.

O sabor do algodão e’ o da sublime doçura:
tão doce quanto a sua passagem pela rua.
O espelho mágico e’ um ensaio da loucura,
na roda gigante, eu pude imaginar-te nua.

Os nossos churrascos em domingos de sol
se ancoraram nas memórias da cerveja.
Tem no gosto de um peixe tirado do anzol
uma linha estirada em um mar de beleza.

As frutas contem uma textura de infinito:
-o das terras do sem fim depois da chuva.
Lembram uma paixão , tudo o que e bonito
como um broto de cacau, uma flor e a uva.

Tudo poderá se sucumbir no fim dos dias
exceto os nossos segundos degustados.
O paladar reconhece o sabor das poesias,
pois os gostos trazem tesouros enterrados. S. Brandao, 20 08 09

DECALOGO DAS NUVENS CARREGADAS
As nuvens prenhas ameaçavam soltar
dos seus ventres as suas filhas aquosas,
ansiosas por descer para nos encontrar
revestidos da alegria molhada das rosas.

Como tudo no universo obedece uma lei
nem sempre um coração pode ser o rei.
E mesmo fazendo o uso da livre vontade,
estamos mesmo a mercê dessa verdade.

Plúmbeas nuvens refletem ao desaguar,
aquilo que todo sábio chinês bem sabia:
não devíamos o que e natural expulsar,
pois a natureza como um galope voltaria.

Prazeroso e’ o interagir com essa criação!
Saber que tudo disposto ao nosso redor,
desde teias, das flores a’ um escorpião ,
obedece a mesma inteligência maior.

O amigo companheiro de todas as horas,
-esse velho espírito (do vinho análogo),
declara : “oh, irma chuva não te demoras,
persista em nos revelar o seu decalogo”. S.Brandao

REVELACAO DO DECALOGO DAS NUVENS.

No primeiro mandamento tudo se repete
como acontece na tabua sacra de Moises;
contemplar a chuva com amor nos remete
a mesma porcentagem aquosa que tu es.

Análoga sequencia , entao subentendida
se não pelo córtex ou pela seiva da vida
(a inspiradora da sabedoria dos profetas)
essa mesma, tão buscadas pelos poetas.

Provavelmente, não fará nenhum sentido
entender poemas bem como as profecias.
Se so em contas te encontrares envolvido
dessa expansão das almas so te distancias.

Existe setenta por cento de água na terra,
mesma quantidade que existe nos seres.
Na vazante , maré baixa que a lua encerra,
semelhante decálogo se revela as vezes.

Sergio Brandao. Brighton (Ma) 17/08/09

quinta-feira, 6 de agosto de 2009


O NASCIMENTO DA VENUS DE ATENA.
(Para Suzana, minha Irma, meu mito)
“Pour être irremplaçable, il faut être différente”(CoCo Chanel)
“Para ser insubstituível e preciso ser diferente” (Coco Chanel)

Um dia, esse mesmo capricho das palmas,
da cor da canela e dos jambos morenos,
da luminosidade morna de águas calmas,
dos pavões e plantio dos trigos sarracenos...

Um dia, para a felicidade de muitos olhos
da liberdade como imagem de inspiração,
com a alegria presente nos seres ditosos
se fez única mulher em sua composição.

Dos corpos celestes escolheu os cometas
e fez deles um modelo de sua passagem.
Dos marinhos as espumas com gametas
misturou Venus com Atena e coragem .

Es uma alma gemea do pássaro exótico,
fruto do amor dos dois seres escolhidos .
Adornarias as salas de um palácio gótico:
sua elegância extrapolou os seus vestidos.
Sergio Brandao, Brighton (Ma)05 de agosto de 2009.

sábado, 1 de agosto de 2009

TUDO E UMA PORCAO QUE NAO EXISTE!


TUDO E UMA PORCAO QUE NAO EXISTE.

Tudo começa dentro das nossas redes
de neurônios e neurotransmissores
continuando nos átomos, nas paredes,
através das ondas e invisiveis torres.

Tudo se explica através do intangível,
do que extrapola nossa fome e sede
e perpetua-se no alem desse “possivel”
pensamento vivo que alguém já teve.

Tudo...tudo um dia será bem captado
pelos sensores que nos já esquecemos,
os temos, mas os deixamos no passado
e hoje em dia não mais os percebemos.

Tudo...nao sei ainda se o tudo existe
Ou o existir não e um eterno processo.
Tudo... se e que em nos ainda persiste
essa mera tendencia ao retrocesso.

Sergio Brandao...Brighton (Ma)
01 de agosto de 2009.

quarta-feira, 29 de julho de 2009


OCEANICA UNIDADE COLETIVA.
(Para meu irmão Toinho)
“ A family is a place where minds come in contact with one another” BUDHA.
“Uma familia e um lugar onde mentes interagem” BUDHA.

Se a familia fosse a replica do mar
no nosso mar você seria Tubarao,
se Poseidon tentasse te governar
novo Deus haveria no Panteao.

Se a família fosse como o zodíaco
nesse caso você seria nosso Leao,
habitante de um pais paradisíaco
segundo sua estrela em ascencao.

Mas a família tem algo de genuíno
uma unidade que se faz em coletiva.
Deus único brincando de menino.

Forma a saliva o primogenito reino
( nossa primeira delicia foi materna),
dos homens Antonio foi o primeiro.

Sergio Brandao, Brighton (Ma)
29 de julho 2009.

segunda-feira, 27 de julho de 2009

TENDO NUVENS COMO ESPELHO


TENDO NUVENS COMO ESPELHO

As correntes sopraram minha nuvem,
aquela mesma que eu havia escolhido.
Bem antes que dela os ventos cuidem ,
em tempo encontrarei o meu sentido.

Nem tudo ficou exatamente preciso,
nem sábio seria esperar que o ficasse.
Elas seguem esse caminho impreciso
imitando aquele que nelas se mirasse.

Sendo elas irregulares por natureza,
da vida são suas melhores analogias.
Essas imprevisíveis mestras da beleza
simplificam todas as outras filosofias.

Nos somos delas seus fieis espelhos,
céu e corpo são suas fieis molduras.
Escutemos seus mutantes conselhos
e a cada dia sejamos novas criaturas.

Sergio Brandao, Brighton (Ma)
27 de julho de 2009.

domingo, 26 de julho de 2009


MICROMEGAS, A LICAO DE VOLTAIRE.

Para entrar no mundo dos pequenos
precisamos diminuir as proporções,
entender como incorporar os menos
e se enxergar no mundo dos anões.

Para conhecer o mundo dos gigantes
a premissa e ter a alma agigantada,
voar como um condor sobre os Andes
percorrendo as estrelas como estrada.

Na elasticidade reside o sumo da vida:
Anões ate onde a dimensão permitir
gigantes como uma galáxia expandida
Humanos. O caminho do meio seguir.

Sergio Brandao, Brighton (Ma)
25 de Julho de 2009.

sexta-feira, 24 de julho de 2009


MARIA, OXUM , ARTEMIS OU GAIA.

Essa dialética imposta pela vida
Supoe uma resposta mutante,
dado que o segredo nela contida
nos e revelado em cada instante.

Em cada um, essa mesma verdade
saber que tudo sobre nosso existir
recorre a uma multi- diversidade
de uma verdade sempre no porvir.

Há mais prazer em apenas sentir
do que em desvendar o saber.
A verdade não pretende se omitir
e sim mostrar como se deve ver.

E como um poema que nos lemos,
fazemos nossa interpretação surgir
enquanto a essência absorvemos
a verdade e Deusa em eterno parir.

Sergio Brandao, Brighton (Ma)
24 de julho 2009.


PRESENCAS DESPERCEBIDAS.

As presenças serão incontáveis
se adicionarmos os não vistos;
com os seus gestos são amáveis
e por poucos são benquistos.

Estes não são os enxergáveis
embora sejam os abundantes;
no silencio sao rápidos e ágeis
da benfeitoria são os amantes.

O dom para enxergar e escasso
não são os vistos por todos nos.
São os agentes do amoroso laço.

São os aquecidos por outros sois
e os portadores da luz do espaço.
Para navegantes são como faróis.

Sergio Brandao, Brighton (ma) 20 de julho de 2009.

OS CIENTISTAS DA NOVA ERA.

Liberdade e’ uma incógnita em expansão.
O livre arbítrio e os agregados segredos
conjugam esses desafios da nova visão
sobre os atos sensatos e nossos desejos.

As ciências tem mostrado bom trabalho,
so pecam quando pensam que as exatas
definiriam a lagrima ou mesmo o orvalho
anulando o que e possível aos telepatas.

Se tudo parece interligado eternamente,
(percebam essas sinapses em ocorrencias)
assim como as conexões em nossa mente
conecte o divino com as meras ciências.

E quanto a nos, estes leigos empiricistas
vamos pulsando com alma e neuronios
vivemos o dia como amadores cientistas
numa pesquisa incessante pelos sonhos.

Sergio Brandao, Brighton (Ma)
23/07/09

quinta-feira, 23 de julho de 2009


A DAMA FECUNDADA POR MORFEU.
(para meu querido Walt Whitman)

A unidade fica tao presente agora
nessa mesma hora em que estamos
lendo o passar dessa mesma hora
em que nossos corpos animamos.

Do corpo surge uma alma inquilina
Uma alma se formou desse corpo.
Não, não há dualidade nessa rima,
nem para o que nao esta morto.

Se faz a caricia e o nosso corpo pulsa
numa procissão de olhos satisfeitos.
Onde não há atração so há a repulsa
Onde há qualidades existem defeitos.

Ser completo e a nossa unica urgência.
Não sei se a alma e do corpo geradora
Ou se foi alimentada pela nossa vivencia .
so sei que a vida e uma dama sonhadora.

Sergio Brandao, Brighton (Ma)
21/07/09.

AS ESCADAS DE APOLO.

Toda a arte acumulada nesses anos,
a fome diária do intelecto saciada
pela ingestão de tenores , sopranos
e outros artistas da crônica cantada,
se juntam os sagrados e os profanos
(efeito da alma pluriversal emanada).

Ser brasileiro, falar português , cantar;
Ser sul , norte americano ou europeu,
não importa onde se aprende a amar,
O patrimonio que ninguém esqueceu.
E a solidez de um muro mágico no ar
( o prazer da canção feita e todo seu).

Cantores, erguei-vos a altura sagrada!
-La esta o principio dessa engenharia.
A fagulha do fogo de Deus foi lançada,
desceu com a pira os anjos da escadaria.
Subais os degraus na infinita caminhada
(artistas aspirantes sobem em romaria).

Sergio Brandao, Brighton (Ma)
22/07/09

domingo, 12 de julho de 2009

DANCA DA CHUVA.


DANÇA DA CHUVA.

Bem vinda aquosa manifestação!
-Barulhinho ludico inundando a alma.
Bem vinda , ‘O minha doce solidão !
-Meu peito banharei com sua calma.

A mesma técnica dos trovoes agora
refaz seus ouvidos com imaginação.
Não há melhor companhia nessa hora
do que ouvir o seu escoar no coração.

As coisas mais essenciais são invisíveis
Saint Exupery e o príncipe já diziam.
E preciso ignorar as coisas impossíveis
dai em diante todos os sonhos se iniciam.

Homens mais sonhos resultado: vida.
A mesma ferramenta usada pelo criador.
Dentro dos sonhos a pratica esta contida
relâmpago e trovão me lembram do amor.

Sergio Brandao, Brighton (ma) 11 de julho 2009

quinta-feira, 11 de junho de 2009

SONHO PRODUZIDO PELA LIPOTIMIA


“...Quero , neste momento, fumando no apeadeiro de hoje,estar ainda um bocado agarrado a velha vida. Vida inutil, que era melhor deixar, que e uma cela? Que importa? Todo universo e uma cela, e o estar preso nao tem que ver com o tamanho da cela...” Alvaro de campos.

SONHO PRODUZIDO PELA LIPOTIMIA

Ontem, muito breve foi sua visita a mim,
durou todos os segundos da eternidade.
A nossa prosa curta foi a palavra sem fim
Que cabe perfeita na esfera da verdade.

Lembro-me bem dos seus óculos de ouro,
atraentes como o astro-rei aos gira-sois.
As suas falas amaciadas foram um sorvo
Uma lótus a flutuar por cima dos lençóis.

O dinamismo letargico desta lipotimia
refez a minha visão que era tão parva.
Sua alma era a própria noite que abria
cortinas azuladas para o dia que raiava.

Não sei se foi um sonho ou a aparição
de uma mesma materna universalidade,
as lentes douradas de um anjo escrivão
em sua face, mãe de toda a bondade! Sergio Brandao, Brighton 11 de junho 2009

sexta-feira, 5 de junho de 2009

ESTRANHOS VISITANTES DE NOS MESMOS


ESTRANHOS VISITANTES DE NOS MESMOS.

Quando em noites visitamos nossa alma,
muitas vezes tão distante de nos mesmos,
não seriam estes momentos de rara calma
horas que desvendamos nossos segredos?

Se são eles partes de nos, como não saber-los?
Seriamos então nossos estranhos habitantes
sábios engenheiros , pais de todos os instantes
os meros arquitetos destes castelos alheios?

Coloca-se agora essas cartas na mesma mesa
la onde diariamente almoçamos e jantamos
como se nos “ jogadores” , os ases da destreza,
so fossemos vitimas dos truques que armamos.

Somos os estranhos visitantes de nos mesmos.
Se boas são as almas, não havera lugares ermos.

Sergio Brandao, Brighton (Ma) 04 de junho de 2009.








segunda-feira, 1 de junho de 2009


UMA IMAGEM NA RELVA.

Uma imagem de Santo Antonio
feita de barro e pintura clara,
agora se junta a relva...
Esquecido na orvalhada ramagem.
Imagem de santo, rota e relvada,
dormindo ao som de rãs outonais,
esquecida dos seus tantos fieis.
Mistura-se ante ao pasmo violeta,
dos miosótis e dos colibris.
Com caricias de mãos aquosas
a chuva lavou o manto sagrado
do santo menino em seus braços.
Tao visitado nas capelas fora
agora congrega com as borboletas.
Passantes olham e não percebem
Quantos pedidos o beato carrega,
vigiado apenas por belos insetos,
batendo asas com beleza de Venus
vão ligeiras pegar o néctar,
o mel das flores transformado
pelos prazeres de mil zangoes
tomados pela abelha rainha.
SERGIO BRANDAO

quinta-feira, 28 de maio de 2009


O HOMEM E A ESTRELA
Nossas vidas sao livros fechados
Com todas as paginas guardadas.
A cada vez que somos olhados
Algumas cenas são mostradas.

Quem ler alguns episódios soltos
descobrira nuanças diferenciadas.
Dos esverdeados mares revoltos
ao matiz de pássaros em revoadas.

A leitura esta nos olhos de quem le
assim como a beleza de quem a olha
Por isso estamos ávidos por saber
da lagrima que o seu olho, molha.

Temos que aprender a ler perfumes.
Ao sentir o cheiro dessas estórias,
ouviremos as sinfonias desses lumes.

Essa mesma luz azul polar espacial
emanando em cores na minha janela
habitava no homem de Neandertal.

Sergio Brandao, Brighton (Ma) 27 de maio de 2009.

quarta-feira, 13 de maio de 2009

A ALFORRIA DOS NOVOS ESCRAVOS (para a velha Itabuna e ao meu pai nascido em 11 de maio)

Os negros cantavam na madrugada
Enfeitavam as carrocas e os cavalos,
Isabel era uma princesa consagrada:
A soberana dos escravos libertados.
A caravana seguia pela noite afora...
Cantorias, algazarras, a liberdade.
Numa alegria conservada de outrora
relíquia de uma velha comunidade.
Meu pai os esperava com licores,
a princesa poderia entrar na casa.
A multidão cantava seus louvores
pela grande irmandade alforriada.
As mulheres so olhavam pela janela
meus irmãos se juntavam na algazarra
A homenagem que era pura e singela
numa boa época de paz se celebrava.
Esses saudosismos são justificados
Pois o canto foi banido dessas bocas
(Hoje a madrugada e dos assustados)
Escravos dos donos de outras bocas.

Sergio Brandao, 13 de Maio de 2009. Brighton Ma

quarta-feira, 29 de abril de 2009

A NOITE DE EPICURO - (Conto) por Sergio Brandao

A Noite de Epicuro

Conto: Sérgio Brandão

São Paulo, Agosto de 185l. O inverno consumia a cidade impiedosamente. Sofrimento e desolação assolavam os miseráveis; tremulavam como marionetes das intempéries a circularem em torno de fogueiras improvisadas, todos os que na vida não tiveram a mesma sorte dos seus vizinhos abastados. As primeiras levas de imigrantes começavam a modificar o perfil da cidade. Destes, muitos logo fariam fortuna nas novas terras férteis ao cultivo do café; outros encontrariam vicissitudes ainda piores do que as que os impeliram a buscar o desconhecido em plagas tão distantes. As pessoas se esbarravam indiferentes e entediadas nas precárias calçadas da cidade, por onde transitavam pais de família e seus segredos, padres com voluptuosos olhos libertinos, mulheres lascivas, ébrios, beatas a blasfemar com seus terços na mão e estudantes vadios em busca de algo que os provasse vivos antes que o tédio confinasse suas almas mortas em seus corpos vivos.
Richard fazia parte desta última categoria; era o primogênito de uma família de ingleses donos de uma chácara que também servia como República de Estudantes e centro comercial local. Havia chegado no Brasil há cinco anos, devido à insistência de sua mãe, brasileira, que já não agüentava mais de saudades da terra natal. Morava na chácara com os pais e ajudava-os nas raras horas de folga do curso que fazia na Faculdade de Direito de São Paulo. Lá conheceu Manoel Antônio, o Maneco, que veio morar na Chácara dos Ingleses por sugestão de Richard. Uma grande amizade desenvolveu-se entre os dois, tendo como combustíveis dois fatores primordiais: o apetite insaciável de Maneco por línguas estrangeiras (falava latim, inglês e francês com desenvoltura) e o gosto de ambos pelos poetas românticos. Maneco descobriu que além de praticar Inglês com Richard aprendia cada vez mais sobre Shakespeare, Lord Byron, Goethe, Alfred Musset dentre outros adorados por aqueles jovens de 20 anos acometidos pelo que chamavam de “spleen”, uma profunda melancolia, acentuada por um tédio quase obsessivo a temperar suas almas; receita esta que servia como lenha para a fogueira de seus eflúvios poéticos de rara beleza lírica, permeados pela adoração do sinistro e da morte, a musa preferida de seus poemas.
Maneco já havia passado para o papel muitos de seus dons poéticos, ao passo em que Richard era poeta instantâneo, tinha uma beleza nata para expressar tudo que se passava no fundo de sua alma ditosa, principalmente quando falava longa e repetidamente sobre Charllote, uma francesa de 22 anos por quem se apaixonou perdidamente, após tê-la conhecido em sua casa onde recebia seus escolhidos para noites regadas a vinho, haxixe e saraus acompanhados pelo seu piano de caldas que parecia uma fábrica de deleites quando ela interpretava Chopin, seu músico predileto. Maneco sentia-se amigo íntimo de Charllote; sabia dos seus amores, sofrimentos e delícias de tanto ouvir Richard contar-lhe cada detalhe que descobria sobre sua vida , embora não a conhecesse ainda pessoalmente.
Uma noite conheceram-se nas imediações da Faculdade, onde ela às vezes esperava Richard e dirigiam-se á casa dela onde lhe prestava os mais caros favores.
- Hey, Charllote! Love of ma vie. Comment vas you darling?
- Hereux comme the flowers beneath the rain!
Faziam uma mistura de inglês com francês que intrigava Maneco visivelmente.
- Maneco, esta é Charllote, ma raison d’etre.
- Enchanté! - Respondeu Maneco sem conseguir disfarçar o encantamento que Charllote lhe causara. Loira de uma alvura angelical, com suaves olhos azuis que iluminavam a noite esfumaçada de brumas; era como se encarnasse a musa do ideal romântico.
- Que’est ce que nous allons faire ce soir? - Perguntou com um ar avoado que lhe acrescentava um charme dos diabos.
- Não sei ainda, o Maneco acabara de me convidar para finalmente conhecer de perto a tão falada “Sociedade Epicuréia”. Respondeu Richard já um pouco enciumado pelos olhares de Manoel para Charllote.
- Societé Epicureica? Que’est ce que ça veux dire?
- Trata-se de um grupo de poetas que acreditam piamente que acabarão com o tédio do mundo através de suas reuniões cada vez mais santificadas pela poesia e endemoniadas pela bebedeira e pelas orgias dos seus membros, se intitulam seguidores de Epicuro, filósofo grego que pregava a supremacia do prazer... - Explicou Richard lentamente para que Charllote entendesse.
- Trés Interressanté. Cést le meilleur chose pour faire. Quando irremos?
- Ce soir, sexta-feira, lua cheia das noites de agosto, consigo ver Pan, Baco à enfeitiçar os corações vagabundos. - Os olhos verdes de Richard brilhavam ao exaltar-se.
- Às vezes duvido das suas origens, Richard, nunca vi tamanho entusiasmo num Europeu antes. - Manoel respondeu com surpresa, pois se acostumara com o amigo quase sempre taciturno e melancólico, embora não fosse esta a primeira oscilação radical de humor que testemunhara no inglês.
Saíram com destino à taverna do Sturn, um dos lugares mais freqüentados pelos estudantes da Sociedade Epicuréia nos finais de semana. A taverna era um convento abandonado com arquitetura gótica, envolta nas brumas invernais do alto de um penhasco. Tochas e incensos tentavam dissimular os vapores do ópio e haxixe que recendiam pelas inúmeras janelas ornadas com vitrais italianos. As paredes e o teto eram tomados por vários afrescos, o que constituía um deleite rapisódico aos visitantes inebriados, sem falar da vista que se perdia pela névoa gélida à encobrir outros penhascos vizinhos.
- Dá-se com a distância o mesmo que com o futuro, um horizonte imenso, misterioso, repousa diante de nossa alma. - Richard falava com os olhos perdidos na paisagem.
- E os sentimentos nele mergulham, como os nossos olhares. - Refletiu Charllote em um de seus raros momentos de contemplação.
- És um louco Richard! Não é a lua que lá vai macilenta: é o relâmpago que passa e ri de escárnio às agonias do povo que morre... Aos soluços que seguem as mortalhas do cólera! - Manuel retrucou ao ouvir o amigo devanear com a visão pálida da lua a pratear os montes relvosos em suas lépidas aparições por entre as nuvens.
- Cólerra? Qu’importe? Não há por horra vida bastante nas veias dos homens? Não borrbulha a febrre ainda às ondas do vinho? Vin! Vin! Mon verre está vazio. - Gritou Charllote.
- Os lábios da garrafa são como os da mulher. - Disse Manoel.
- Porquoi?
- Só valem beijos enquanto o fogo do vinho ou do amor os borrifa de lava.
- Mon dieu... Alors, ma bouche merrece muitos beijos. Insinuou-se a francesa com olhar sedutor e seios mais ainda querendo saltar do espartilho, ignorando assim todas as juras de amor feitas e repetidas a todo instante por Richard desde o dia em que segundo ele teve um gozo que revirou as terras do céu, moveu moléculas, interligou átomos com um poder somente dado pelo amor, o seu tóxico mais venenoso. Manoel passou o charuto com haxixe que estava fumando para Richard, ajeitou seus cabelos negros, sem graça com a expressão furiosa do amigo que mais parecia um fantasma maquiado pela ira do ciúme. Num rompante providencial, tentou contornar a situação dizendo a todos os presentes:
- Vamos ao cemitério, hoje faremos o enterro do amor, afinal de contas a vida e o amor se encontram numa garrafa de absinto, na fumaça de meus charutos, nos seios voluptuosos de uma bela cortesã... Dentre outras coisas essenciais... Vamos separá-los antes que um mate o outro, se é que um pode existir sem o outro!
A idéia se alastrou epidêmica, Richard distraiu-se com a sugestão e acompanhou o bando de desregrados morro abaixo à cantar e recitar poemas de Baudelaire, Musset, Byron... Parecia uma procissão de anjos das palavras e cânticos celestiais, envolvidos pelas artimanhas do demônio, dos vícios, celebrando seus suspiros e energias emprestados pela mocidade. Uma verdadeira apoteose da guerra e do amor, do bem e do mal que habitam no coração daqueles pobres seres sensíveis ao belo e vulneráveis às ardências carnais.
Á caminho do cemitério passaram pela loja maçônica, invadiram-na pelos fundos e roubaram as insígnias usadas nos rituais. Passaram ainda na Mortuária São João, saquearam uma urna funerária, dirigiram-se ao prostíbulo de Madame Sissí, conversaram com Eufrásia, uma das meninas da casa que tinha sérios problemas mentais e por isso andava afastada de seus afazeres e convenceram-na à participar da peça teatral que supostamente estariam ensaiando naquela noite. Saíram em romaria sinistra pelas ruas da cidade cantando a Canção do Estudante de Goethe, acordando a vizinhança para participarem do enterro do amor. Eufrásia deitada no caixão estava pálida de medo, mas a sua vontade de ganhar alguns trocados conforme fora combinado foi mais forte que o seu pavor.
Entraram em silêncio sepulcral no cemitério segundo o combinado para que pudessem ouvir a voz das almas. Por alguns minutos só se ouvia as tragadas nos cigarros de haxixe e nos charutos, além dos goles nas garrafas de conhaque e absinto.
- Ouçam! Alguém sussurrou.
- O quê?
-Não estão ouvindo? Parece um coro de vozes femininas...
-Psiu! Cala boca!
As vozes começaram a ficar mais nítidas, era um canto em latim a ecoar na noite fria do cemitério.Uma onda de calmaria tomou conta dos invasores, parecia um ritual, mas onde?
- “kirié eleizon, criste eleizon. Kirié exaudi nós, Criste exaudi nós... Santa Trinitas unos Deus, Misererem nobis”.
- Onde elas estão?
- Sumiram. Meu Deus, eram fantasmas!
Richard não tinha atenções para mais nada a não ser para a imagem diáfana de Charlotte. Parecia-lhe que ela tremeluzia como lamparina em cada gesto felinal em que seu corpo dançava por entre os tecidos transparentes de seu vestido esvoaçando-se por entre os mausoléus prateados pela lua; seu olhar narcotizado fazia com que ela se movesse lentamente ao som das madressilvas e das folhas com aromas silvestres que pisava, exalando aromas alucinógenos no ar da noite fria. Manoel parecia estar acompanhando tudo telepaticamente quando foi despertado por uma voz de criança.
- Maneco, lembras de mim? - Perguntou o dócil garoto com voz de anjo.
- Como não, meu querido? Como você está lindo... Respondeu quase a desmaiar quando reconheceu seu irmão menor que havia falecido há alguns anos.
- Que você continue amando as criancinhas, como sempre me amou.
- Deleito diante dos germens de todas as virtudes, encanta-me sua petulância tão incorrupta e íntegra; queres que eu multiplique estes sentimentos por mil? Pois bem, não será sacrifício algum.
- Ora, ora. A que devemos a honra? - Uma voz surgiu por trás de Richard e Charlotte. Viraram-se e viram dois homens que diziam ter sido amigos de Manoel e que ele escrevera seus nomes e as datas em que morreriam na parede de seu quarto. Um deles falou em tom solene:
- 1850, Feliciano; 1851, João Batista; 1852, ... Perguntem se ele já sabe quem será o próximo.
- Je pense que j’ai fumé beaucoup.
- Não, amiga, o que fumastes apenas facilitou o nosso encontro. Adeus! Despediu-se.
A pasmaria foi quebrada pelos gritos de Fortunato. Parecia um insano desesperado ao descobrir que a sua Amada Judith, uma judia israelita, motivo pelo qual o fez desistir da carreira acadêmica que seguiria em Dusseldorf, havia falecido há três dias. Fortunato acabara de chegar e estava comemorando a sua chegada e tinha planos de fugir pelo país a fora, como tinha combinado com Judith antes de partir para a Alemanha.
- Não! Não! Não partirás sem ter meus últimos beijos! – gritava enquanto cavava com as mãos. Com pedaços de lajedo da lápide improvisou uma pá e cavou até trazer o caixão à superfície. A sociedade epicuréia, atônita, assistia aquela ópera macabra, sem piscar os olhos. Uns gritavam;
- Não chores que não morreu! Era um anjinho do céu, que um outro anjinho chamou. Era uma luz peregrina, uma estrela divina, que ao firmamento voou!
- Não! Não sem meus beijos guardados há meses de travessia no atlântico... Não! - Abriu a tampa da urna; um aroma de rosas frescas impregnou o ar. Era incrível, já devia estar mal-cheiroso. Todos os olhos se arregalaram ao ver Fortunato encher o rosto pálido de Judith com beijos fervorosos. Abraçava-a, chorava, gritava com a força de todas as cordas vocais.
- Fada branca de amor, que sina escura manchou no teu regaço as roupas santas, anjo branco de Deus, que sina escura!
- Não chores que não morreu, era um anjinho do céu... - Gritavam em coro.
Neste espetáculo macabro Richard perdeu-se de Charlotte e Manoel. Saiu a procurá-los nos arredores. A lua lançava tons de prata azulada sobre os mármores frios. Richard tremia de bater o queixo.
- Também sentes frio, companheiro? - Um vulto macilento esboçava-se no ar, tomando a forma de um homem jovem vestido de preto sentado no dorso de seu corcel preto. - Na outra vida fui muito rico, era paparicado por moços e moças também abastados. Amei muito, por isso estou aqui, alhures. - Completou o jovem a apresentação.
- O que queres comigo? Não vês que já estou demasiado atormentado com minhas dúvidas? Retrucou Richard.
- Queres mesmo encontrar o que procuras? Então siga este cheiro de almíscar que vem daquele túmulo ornado com copos-de-leite... Mas, lembre-se: o viajor nos cemitérios, nessas nuas caveiras não escuta vossas almas errantes... Do estandarte medonho nos impérios, a morte leviana prostituta, não distingue os amantes. - Desapareceu no ar logo em seguida.
Richard seguiu o rastro indicado pelo fantasma e logo ouviu os gemidos de prazer de Charlotte. Surpreendeu-lhes em pleno orgasmo sincrônico; ela, a sua amada e o seu melhor amigo. Saiu correndo por entre os túmulos, chorando mais que todos os órfãos juntos ali um dia choraram. Em cada catacumba que passava, o fantasma aparecia-lhe novamente inquisidor. Richard gritou enfurecido:
- Cavaleiro das armas escuras, aonde vais pelas trevas impuras, com a espada sangrenta na mão? Quem és? O remorso? Não escutas gritar as caveiras e morder-te os fantasmas nos pés? - Inquiria por entre lágrimas e soluços.
- Sou o sonho de tua esperança, tua febre que nunca descansa, o delírio que há de matar! - Respondeu sem delongas.
Richard delirava em prantos pelas catacumbas. Enquanto isso, Charlotte e Richard, recompostos, foram de encontro ao grupo.Depararam com Fortunato ainda agarrado ao corpo de Judith. A defunta se mostrava cada vez mais, por entre os véus transparentes e rasgados pelo fervor do grande amor da sua vida.
- Meu deus! O que é isto? - Não sabiam o que fazer. Pararam estupefatos diante daquele idílio lúgubre. Manoel teve um acesso de tosse. Tossiu tanto que golfou sangue.
- Ele está tuberculoso! - Alguém gritou.
- Dê-nos sua garrafa de conhaque, homem! Queremos beber da sua morte. - Pediu um dos companheiros.
- Fiat Voluntas tua! - Manoel entregou-lhe a garrafa.
- Amem! - Agradeceu o ensandecido.
Manoel embora com fortes dores no peito, abandonou a sua fleuma costumeira para tentar acalmar Fortunato.
- Fostes tão leve e pura como a brisa matinal; a terra lhe será leve. - Tentava convencê-lo a deixar o corpo de Judith em paz.
- Perdão! Perdão pela agonia de te amar, perdão pela agonia desta noite lutulenta! - Chorava Fortunato arrumando as vestes da mais amada. Perdão, meu Deus! Perdão se neguei, meu senhor, nos meus delírios e se um canto de enganosas melodias levou meu coração! - Finalmente repousou o corpo de Judith de volta ao caixão.
- Taedet Animam mean vitae meae...!
Todos ouviram uma voz vindo de cima.
- Tadet Animam Mean Vitae Meae! Como dizia Jó: “estou cansado de viver”. - A voz reverberava numa eloqüência digna de um mestre ascenso. Era Richard em cima dos frondosos galhos do velho cipreste escondendo-se e mostrando-se por entre a cortina de cipós que despencava da árvore e lambiam o chão do cemitério; agora começavam a receber os primeiros raios alaranjados do sol frio de agosto. - Das esperanças suicidei-me rindo, no vale dos cadáveres sentei-me... Oh Judith, indolente vestal, deixei no templo a pira se apagar, morre em paz, pois em mim, tudo morreu, este sol não reluz, banha-me na friez lustral onde as almas se apuram! - Delirava Richard elegantemente vestido, depois de retirar as indumentárias maçônicas e jogá-las ao chão teatralmente.
- O que ele está fazendo? Perguntavam-se.
- Parece um trecho de uma peça que vi em Paris.
- Ele está completamente fora de si.
- E quem aqui está dentro de si?
- Já que não acordas, Judith, sirva-me de guia como a estrela oriental até o vale da morte. O céu enegreceu no oriente; rubro o sol se apagou, galopa o corcel da tempestade nas nuvens que rasgou... – Falava Richard sem ouvir os comentários dos que fitavam seus gestos.
De repente, todos ouviram um trote vindo por trás do cipreste, um cavaleiro com vestes e armas negras galopava insano em direção à multidão, era assombroso, todos se apavoraram protegendo-se como podiam; o cavaleiro das trevas passou deixando um rastro de arrepios causados pelos seus gritos medonhos. Os que ousaram olhar tudo atentamente viram quando Richard passou montado na garupa do corcel negro esboçando um pálido sorriso funesto. Quando sumiram por entre as brumas, todos levantaram as vistas saíram de seus esconderijos e depararam com o corpo de Richard balançando-se pendurado pelo pescoço envolto nos cipós.
- Non, c’est ne pás possible! Ajudem, por amor de Dieu! - Charlotte gritava enquanto Maneco tentava arrumar-lhe as roupas e esconder-lhe os seios expostos aquele bando de marmanjos. A polícia foi acionada. Manoel tentava livrar o amigo dos cipós inutilmente terminando por abandoná-lo ao perceber que não tinha mais nada para ser feito, estava morto. A correria era geral, corriam e tropeçavam nas indumentárias maçônicas que iam largando ás pressas pelo chão.
- Prenderam o filho do Promotor Balduino!
- Ah, este tem costas largas!
- Parem, parem e Eufrásia? Correram até o caixão em que a demente se encontrava e encontraram-na morta, não se sabe se por asfixia ou pavor.
- A tampa estava fechada!
- Quem foi o louco?
Corriam para safar-se dos policiais. Os poucos que foram capturados logo foram liberados por serem favorecidos pelas leis da amizade e das influências entre as famílias. O arquivo guardou o inquérito policial que atestava homicídio culposo. Mas quem seria indiciado? Quem?
.................................................................................

Caminhando pelas encostas do vale em que se refugiaram, Maneco tentava acalmar Charlotte.
- Querida, precisa acalmar-se.
- É um pesadelo. Un cauchemar. Vou-me embora hoje mesmo para a França.
Maneco teve um acesso de tosse até escarrar sangue novamente. Olhou para a nojeira a sua frente e disse:
- Talvez seja melhor você se tratar lá mesmo; terás mais recursos.
- Estás me dando atestado de tuberculosa?
- Sabes que é contagioso. Alertou-a.

...........................................................................

Nove meses depois Charlotte recebeu uma carta de uma das poucas amigas que freqüentava sua casa nos inesquecíveis saraus da cortesã. Lucíola manchou o papel da carta de lágrimas ao escrevê-la; chorava a saudade da amiga e lamentava a morte de Maneco. Ele havia sofrido uma queda de cavalo a qual lhe causou um tumor na fossa ilíaca, agravado pela fragilidade imposta pela tuberculose já avançada.
Os olhos de azuis de Charlotte enchiam-se com a beleza divina do sofrimento que a tornava mais frágil e sensível que um cristal de pureza inefável; as lágrimas caíam-lhe generosamente pelas maçãs pálidas levemente enrubescidas pelo ar fresco da manhã que invadia os vales iluminados pelo sol primaveril, enchendo os arredores de paris com camélias, flores-de-lis, petúnias. Fechou os olhos ao contemplar as flores e ouviu a voz de Richard sussurrar-lhe: “Quando a morte á tão bela... é doce morrer! Quero de amor viver no teu coração, sofrer e amar essa dor que desmaia de paixão”.
Não sabia se tinha realmente ouvido a voz de Richard ou se as lembranças que tinha dele materializaram as suas palavras.
Olhou pela janela da casa em que fazia o tratamento para tuberculose e viu uma senhora acompanhada por seus filhos adolescentes atravessarem a rua para ir á padaria. Sentiu uma vontade imensa de fazer o mesmo que aquela senhora, algo tão simples que agora lhe era tão caro. Logo ela que cruzara oceanos em busca de aventuras se emocionava agora com o cotidiano mais prosaico que se possa imaginar para uma dama do mundo; uma dama por quem se merece morrer, mesmo em mais tenra idade.




terça-feira, 21 de abril de 2009

A CHUVA DA NOITE JUBILOSA


A CHUVA DA NOITE JUBILOSA (para Nicinha Brandao, a minha Rainha)

Do céu plumbeo da America do Norte,
nessa noite longa do dia vinte de abril,
uma chuva umedeceu como uma sorte
O meu terreno de lembranças do Brasil.

Uma mulher divina dançava nas alturas.
Com a sua tênue alegria das mais puras,
aspergia sobre as futuras inflorescências
lagrimas entornadas em outras essências.

As casas vizinhas com telhados aquosos
acenaram com lentos brilhos noturnos.
As musicas nobres de tons suntuosos,
soaram abafando os barulhos diurnos .

Dorme, querida, em suas pétalas deitada!
Crescerao seus brotos na terra molhada.
Desperta, amada, em suas asas exaltada!
Surgirão belos frutos depois da estiada.


SergIo Brandao, na noite do dia 20 de abril de 2009 quando a protagonista desta estória estaria nos dando a graça de estar conosco por 80 anos.Na eternidade seriam oitenta segundos? Talvez...
Brighton, 20 de abril de 2009.

sábado, 18 de abril de 2009


COMO PARTICIPAR DA ALQUIMIA? (dedicado ‘a Oscar Wilde)

O quarto se enchia de preguiça
Enquanto a noite se debruçava,
Os seus longos cabelos soltava,
Esvoaçando-se no frio da briza.

As suas silhuetas eram infinitas
Em horas se mostravam luminosas
Em outras, nos orvalhos de rosas
As lagrimas ficariam mais bonitas.

Nos mesmos contornos desta dama
A nos esperando com o raiar do dia
Somente se faz parte desta alquimia
Aquele que a luz acesa em si emana.

Sergio Brandao, Allston (Ma) 25 de setembro 2008.

segunda-feira, 13 de abril de 2009


WILLIAM BLAKE E RAULZITO.
Se a formiga so trabalha
Porque nao sabe cantar.
Qual seria a maior batalha
Qual delas eu hei de amar?
Alguns as vêem conjugadas
(cada amor no seu tempo)
em cada uma das estradas
cada um no seu momento.
Os olhos do ninja cantam
Enquanto a beleza trabalha
Os gestos belos encantam
(da leve bailarina cansada.)
Da cigarra eu quero alegria
da formiga a forca quero.
Chegara ao fim o nosso dia
Oh Lua, como Eu te venero.
Beijo em beijo a beija- flor
A trabalhar seu doce sugar
canta com o mesmo louvor
(A sua musica e o seu voar...)
Rios cantam na correnteza
Como William Blake e Raulzito
E no mistério e na proeza
Que cantam o poeta e o mito. SERGIO BRANDAO Brighton (Ma) 13 de abril 2009.

sexta-feira, 10 de abril de 2009


GALILEU NÃO CONHECIA QUASARES.
Ouve-se uma musica abstrata
a cada ato de nossa presenca.
O Grito mudo, a morte inata
Todos os ritos da nossa crença.

Galileu dizia sobre as estrelas
mesmo sem medir quasares.
As cores e as diversas belezas
São como ondas sobre os mares...

Seus beijos na lua despida,
os olhos molhados de mar,
tudo carrega o som da vida.
Ate o cheiro de ervas no ar.

Nem todos os ouvem porem,
(são tampados ouvidos da alma)
o som abstrato não lhes convem:
sao seres que perderam a calma.

Somente os olhares do alem
Nos conduzirão ao certo porvir.
Isso e uma chaleira ou e um trem?
De cada imagem podemos ouvir. SERGIO BRANDAO, Brighton (Ma) 10 de abril de 2009.

quarta-feira, 8 de abril de 2009


O VELHO PALHACO ( Dedicado a Charles Baudelaire)
“Et,m’em retournant, obsede par cette vision, je cherchais a analyser ma soudaine douler...L’image du vieux poetsans amis, sans famille,sans enfants,degrade par as misere
et par l’ingratitude publique, ET dans La baraque de qui Le monde oublieux NE veut plus entrer!”
C.Baudelaire na prosa poética...Le vieux saltimbanque.

Era uma feira repleta de sonhos
em um vilarejo de seres sutis,
a cadela ruiva de riso bisonho
acenava latindo a caravana feliz.
Era uma linda tarde de outono.
Um dia de festas, roupas e fogos
Mágicos, trapezistas, ciganos
Fazendo jubilar jovens e idosos.
Uns gastavam, outros ganhavam,
outros bebiam enquanto flertavam.
Prostitutas, maçons, padres e beatas
A festa era mista, todas as castas...

Atras de uma tenda, isolado do povo
havia um palhaço com cara de choro
-ninguem mais queria, nem mesmo sorria
Das suas mancadas, das suas folias.
(inúmeros gritos, quanta alegria)


Já não se vê mais a sua proeza
Velho, perdeu o que o movia:
Não causa mais risos, inexiste beleza.
Sozinho, sentado, esquecido dos seus,
So lhe resta agora um belo consolo
-lembra das horas que brincava de Deus.
(viveu a gloria de ter sido um bobo)
Na tenda enfeitada ficou o palhaço.
Sem brilho, sem palmas (o coro e o osso)
O seu coração era um so estilhaço
de vidas alegres no fundo de um poço.

Sergio Brandao, Allston...2007 ????

domingo, 5 de abril de 2009


AOS QUE NUNCA VIRAM ALMAS DECREPITAS
Se vos achardes impróprio termo:
“decrepitude na pré-velhice,
Onde a chamado do anjo e ermo
E vai se perdendo na canalhice...
E se achardes inadequado
A quem das letras e impostor
(com lume falso reluz o bardo),
pensa que e poeta o enganador.
Se por acaso o verniz – cinismo
encobre ainda a patológica,
degenerando com seu abismo
o inexplicável e a sua lógica...
E se ainda achardes também
que o escritor tem que ser maldito
as hordes do mal dizendo amem
para nos livros ficar bonito)...
Um veredito te dou agora:
A cerebral e conseqüência,
Mas a da alma e qualquer hora!
Não se enganes com eloqüência.
Walt Whitman chamou outrora
(a luz do alto tem paciência...)
Cai lentamente, como a aurora
E anda junto com a inocencia. Sergio Brandao, Allston, 2008.

quinta-feira, 2 de abril de 2009


O TRIO ELETRICO
Quando eu era uma crianca,
para minhas unhas cortar,
usando a minha confiança
Mamae me fazia imaginar.

Sabia, dizia (e eu acreditava):
preste muita atencao a rua,
o trio elétrico vira com a lua!
So assim eu me aquietava.

Ela conseguia essa quietude
enquanto o Lúdico crescia,
sonhavam Onirico e a Virtude
brincavam Realismo e Magia.

O trio elétrico nunca passou
naquela tarde tão distante.
Algo melhor porem, chegou:
A Imaginacao se fez gigante...

A semente por ela plantada
Como o Cedro cresceu forte
projeta a sombra na calcada
enquanto Luz dissipa a morte.
Hoje essa alma inquieta
ainda sonha com o porvir.
Tendo o Belo como meta,
Espero o Triste se redimir.

Sergio Brandao, Brighton (Ma), 02 de abril de 2009.

quarta-feira, 25 de março de 2009


“Men have forgotten this truth”, said the fox. “But you must not forget it. You become responsible, forever, for what you have tamed.” Antoine de Saint-Exupery.

LIKE A POEM BY BAUDELAIRE. ( Dedicated to a special friend )

In the midst of Mansfield Street
They met by cosmic coincidence.
Both struggled to keep their feet
On the ground , beyond the fence.
What led one to be right there,
made the other decide to share.

Would there be other grounds
and fences to limit them?
Would there be anybody around
to visit the same planets as them?
The moon with nocturnal eyes
completely agreeing their tries.

They kept seeing each other ,
as if it were supposed to be.
Such a friend - or even brother-
whose views the sky foresees.
An amazing astrological sign,
good intentions in their minds…

Time is now the only one able
To predict the revelations.
It gives the answer like a fable-
They can feel it in vibrations.
Something is tripping in the air
Like a poem by Baudelaire… Sergio Brandao, Allston (Ma) September,22, 2008.

segunda-feira, 23 de março de 2009


QUE POSSAMOS SER POETAS! (ORACAO AO TEMPO)
Fazei de nos seus viajores,
não-seguidores do tangível,
essas mesmas pistas abertas
usando a chave do incrível.
Instale-se em nos o menino:
belo deixado a beira do rumo,
(bem sufocado nas infundacoes)
O não - limitado pelo cabível.
Oh! Tempo , fazei de nos,
umas criancas maturadas,
um veio de alumbramento,
os donos das almas aladas.
Cria em nos as suas barbas
Junto a um coração infantil
Ensina - nos a usar as fardas,
mas nunca a usar um fuzil!
Dai-nos, Senhor das horas,
o teu trono de estrelas...
para que vejamos as auroras
fazendo parte dessas belezas.
Que Assim seja meu decreto:
tirado das Viniculas de Morais
Um dia morrerei com o afeto-
Não morrera o menino jamais!

sábado, 21 de março de 2009


COMO CONTAR OUTONOS

Umas Folhas vermelhas
Outras amareladas, mortas,
Colorem calcadas e pupilas.
Passantes levam consigo
a doce aura das intenções.
Enquanto outros dizem não
O preludio da neve anuncia.
Podemos ouvir nos assovios
nos uivos de gente e da brisa.
Quantos outonos ainda faltam?
-Há que contar com paciência.
Se passar um sem ser visto,
Seja humano ou seja outono,
Será cobrado por Sapiencia.

Sergio Brandao... Allston (Ma) , 04 de outubro 2008.

O EFEITO HERACLITO.
( “ Um homem nunca se banhara num mesmo rio duas vezes, pois as águas
não serão as mesmas... nem o homem será o mesmo.” Heraclito.)
Voces nao sao mais
Os mesmos que deixei.
Nem o Cachoeira o seria...
Pois mudamos.E a lei.

Quando buscar a nascente,
Porei meus pés em suas águas.
E quanto a vocês, amados...
Lavaremos nossas mágoas.

A praça de outrora, irei.
Não me reconhecerão, talvez.
Se o fizerem, ilusão será...
Pois onde me verem , não estarei.

So duas coisas estarão
Intactas em suas singelezas:
os átomos que compõem as águas
e as lagrimas com sua beleza.

O OUTONO E AS NUANCAS.

Folhas vermelhas de outono
Beijam os olhos dos passantes,
entre a brisa fria deste dia claro
pensamentos vão nesses corpos
...e uma vontade geral de ser.
-Um labirinto intrínseco há
nas cabeças dos transeuntes.

Eles são sem saber quem são,
Apenas seguirão os seus faros ,
Entre a brisa e olhos imantados
Intenções voam nesses olhares
...E uma vontade geral de se ver.
-Uma auto-estrada íngreme ha
nos caminhos destes passantes.

Somos papeis dos super-egos,
Risos mansos por trás das faces,
Um cadafalso para a plataforma
a que se estende mansamente
...e uma vontade geral de viver.
-Um monologo misterioso ha
Nos corações destes passageiros. SERGIO BRANDAO Allston, Ma Setembro 2008.

O MISTERIO DA VESPERA.

Um Dragao roxo de asas amarelas,
E a imagem da Virgem Maria
Outras mulheres amadas por ela ,
Fotos de vida, passada poesia.
Esses sorrisos no altar da lareira.
Frio de novembro com sombra fria
O Tudo confabulando ali na beira
do Tempo parado na fotografia.
Uma garrafa de triple sec aberta
E uma imagem do mestre Jesus
Outros homens não achavam certa
A busca do Graal na procura da luz.
Quantas noites fomos visitados
Por seres mais ou menos vivos?
Quantas vezes fomos escutados...
São apenas umas poses, retratos...
Ou Metafísica , atos intuitivos?
Quantas noites seremos elevados?

Sergio Brandao, Allston,01 de Novembro 2008.

O LAP-TOP DE DEUS.

No fundo de um poco,
Pescamos luzes caídas...
Nos versos Chilenos
Pablo bem nos avisa.
O balde que traz A LUZ e oco:
-Paralelidade universa-
Onde através do nada
ao Tudo se regressa.
O bicho do coco.
A palha de milho.
Os lírios de maio.
Todos os fios. Os trilhos...
Tudo se refaz do nada.
Como essa pagina branca
e essas outras viradas.
Os poemas procurados
e este instante inato
Onde guardamos genomas
herdados do lap-top de Deus.

Sergio Brandao Allston (ma) 21 de setembro 2008.

sexta-feira, 20 de março de 2009




THE CONDOR AND THE SPARROW “...Para mi Corazon, basta tu pecho,
Para tu libertad, bastan mis alas…” Pablo Neruda.
(For my heart, your breast is enough,
For your freedom, my wings are…)
If this story of ours was seen
by the gigantic eyes of the Condor,
like a little bird in the wind
he would see our love and honor.
Proportions would never alter
the greatness of the fascination.
The giants would be our helpers
seeing lightness in our relation.
More important than the sizes
is the capacity of these flights.
Wiser are those who levitate
defying fear of love and fate .
So , now it is irrelevant the size
For lovers wings are the prize .

Sergio Brandao, Allston (Ma), October, 11, 2008.

A FABRICA DOS I DIAS


As Joias.

Se na fabrica dos dias,
As noites cairao azulozas,
Facamos de nossa vista amplidao.
-eia pois, vossos olhos
Sob as estrelas angulosas.
E preciso entender Bilac,
Cultivar Dali, do mesmo ceu
Onde em versos e prosas,
Neruda, Pindaro e o mel,
Foram joias do mesmo quilate.

Sergio Brandao.
Allston, 13 setembro 2008.

CUPIDEZ

Se eu pudesse hoje roubar
do Olimpo umas três flexas,
Todas elas já teriam um lugar:
seriam três paixões expressas.

As três então passariam a ser
A soma de tudo o que move,
A sombra antes do amanhecer
Um Eclipse que a lua encobre...

Nossas paixões são combustíveis
- Grande epicentro das intencoes.
Ainda que amores sejam risíveis
Enchamos com eles os corações.

Sergio Brandao, Allston, 30 de setembro de 2008.

O ACENO DA NOITE

O ACENO DA NOITE

Os dias sao mornos de mar,
O sol se abraça com a brisa,
uma paz plena, suave no ar
e uma mulher ali catalisa...
O barco e as ondas embalam
Conversa e prazer da saliva .
-com beijo as ondas marcaram!
( o seu belo semblante avisa)
Os olhos são todos de amor,
eram a vida, a filha e o amado
Um Instante no peito ancorado
ao som de um mar beijador.
Era uma vista prenha de vida!
Mansidao de lufas sopradas
vão tentando adiar a partida.
No canto sozinha, a celeste girava,
com as essências da lua caída
a noite vendo a mulher, acenava.

Sergio Brandao, Allston ( Ma) 07 de novembro de 2008.


ME PERDOEM COMPANHEIROS!
Quando cheguei aqui nessas margens
nao tinha muitos amigos
para conversar.
Contava meus dizeres
aos gansos canadenses...
Trocava migalhas de pão
Pela comunhão do meu silencio.
Eles enchiam o papo de farelos
E eu...sentia o conforto da atenção.
Era uma troca justa , presumo.
Lembro mais dos nossos diálogos
Do que da lendária bela ponte
Ligando a universidade Harvard
Aos raios fulgidos dos meus sonhos.
Quando eu os perguntava:
-Conhece a poetisa Maria?
Recordo mais das suas curiosidades
Perguntando: ”quem, quem , quem ?”
Do que da torre com domo dourado
Construída no século dezesseis.
Hoje os vi no Charles River...
Não os dei farelos, nem companhia.
Pois estava com amigos humanos.
Que ingratidão...! que troca injusta...
Me perdoem , companheiros! Sergio Brandao Allston, Ma. 19 de outubro 2008. (2;05.A M.)

MERGULHO NO LAGO WALDEN

MERGULHO NO WALDEN POND
Fenomenal o seu lago se abriu
aos meus olhos e alma cansada;
em Um Oasis idílico o céu pariu,
reagi com vigorosas bracadas.

Ao redor so o verde e as casas,
Cabanas de madeiras curtidas.
O outono de vermelho pintava
as arvores nas minhas pupilas.

Que frescor revigorante traz
-A beleza e um elixir da cura.
Que dança lúdica a brisa faz
Ao escutar aquosa partitura.

De remo em remo, a candura...
De aura limpa , minha alma ia,
Alem dos pinheiros , a altura
Mansa , a gravidade desafia...

Na simplicidade viva a vida !
captei na estatua de Thoreau.
O Semblante sábio do druida
Eternizando o lago que amou. Sergio Brandao, Allston, Ma.28 de setembro 2008.

DIVING IN WALDEN POND.
Phenomenal opened waters
for my eyes and tired soul…
Idyllic oasis, the sky as mother
unbridled arms swim I go.

All around green and houses
The rustic cabin in the woods.
The autumn red trees arise
In my pupils their art moves.

Invigorating freshness comes.
-Such elixir of a cure beauty is.
Ludic breeze dance is done
in a watery score ,the bliss.

Row by row, the candidness…
In clean aura my soul would go
beyond the pines , tallness
defying gravity gently flows.

In meek simplicity live this life,
As it spins in Thoreau’s faces.
In his appearance druid-like
eternal love the pond embraces. Sergio Brandao…Allston, 30 de setembro 2008.

OS AMIGOS DE POSEIDON.   “...Yo desperte y a veces emigran y huyen

                                                       Pajaros que dormian em tu alma.”     Pablo Neruda     

Os  passaros  que agora dormem

em  nossas  almas latinas,

esperam  que em nos se formem

as praias deitadas nas salinas.

 

Para quando  solvermos Neruda,

as ondas  ao  beijarem  areias

( e as Mares que a lua muda)

nos   tornem filhos  das sereias.

 

Nadaremos  juntos  oceano afora

-Como dois amigos de Poseidon.

E ao olharmos para a terra agora

teremos  dos peixes o nosso dom.

 

La bem  longe , tambem as gaivotas

Vão querer mais do  que comidas...

Ouvirão no vento as  mesmas  notas

da sinfonia calma de nossas vidas.

 

Sergio Brandao, Allston...6 de novembro 2008.

 

 

 


O  GRITO  DE  MUNCH PARA BILAC.

 

Oucam queridos, meu grito!

Silencioso em sua composicao.

So Faca-se dele companheiro

Se ouvir estrelas com coração.

 

Se ao pulsar deste sangue seu

Do mesmo  grito também ouvires

Creio que  agora o silencio meu

so gritara para o que sentires.

 

Oh, meu amigo  do insensível

Erga bem seu melhor semblante

Cesse  os planos por um instante

E  abra seus  olhos  ao indizível.

 

Sergio  Brandao, Allston, 25 de setembro 2008.

A  BELEZA DE MARIA

 

Se quiseres saber o quanto

Maria e bonita para mim...

Tire da Virgem o manto

E junte ao halo do querubim.

 

A beleza  pura de Maria

E um lampejo de Deus.

Musa sacrossanta  seria

Musa dos poemas  meus.

 

No dia em que ela veio

Outra perola também nasceu

 E existe um elo no meio

Entre a  vo , a neta e eu...

 

A  vo eu muito amei, decerto.

A mãe não menos, eu sei...

A neta e a junção das duas.

-Amor  dobrado por ela terei.

Sergio  Brandao, Allston (Ma) 19 de setembro de 2008. “Eu venho da minha terra,da casa branca da serra
e do luar do meu sertão;
venho da minha Maria cujo nome principia
na palma da minha mão.” Cancao do Expedicionario- Guilherme de Almeida.

 


O   LAGO  DAS  NENUFARES.

 

Uma imagem  bela de praia

Incorpora  sua alma aquosa

Um salto lento para que caia

 bem certeira a bola angulosa.

 

Habitas a mesma  redondeza

(Nenufares  no  lago do espelho ).

No  Lago Narciso de  Fortaleza

reflete o  seu corpo sem pelo.

 

A cor intensa do escorpião

So faz o medo desaparecer.

Seguir  desejos na  contramao ,

tocar e ousar sem se perder.

 

Assim você me apareceu

-Visão  de um satélite solar

a  girar em pleno apogeu...

No nordeste, a  beira do mar.

 

Sergio Brandao, Allston, 29 de dezembro de 2008.